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Na foto, as médicas titulares com residência no Sírio Libanês, Dra. Letícia e AC Camargo, Dra. Thaís Fares. Ao centro, Dr. Renato Affonso, coordenador do Dep. de Radioterapia do HB, e à direita, os físicos, Fábio Brito e Marcos Nakaoka. | Fotografia: Arquivo/Divulgação
O Hospital de Base de São José do Rio Preto passa a contar com a Halcyon, equipamento de última geração da Varian voltado ao tratamento oncológico. A nova plataforma se insere em uma proposta mais ampla de modernização da radioterapia, integrando tecnologia de ponta, fluxos otimizados e maior precisão nos procedimentos. Entre seus diferenciais, estão o design fechado, que garante mais conforto e segurança ao paciente, e a automação de processos que permite reduzir o tempo de preparação e a duração das sessões.
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Projetada para facilitar a rotina clínica sem abrir mão da excelência técnica, a Halcyon combina rapidez e controle com um sistema de imagens de alta qualidade, capaz de guiar o tratamento com base em dados em tempo real. Outro ponto relevante é a sua flexibilidade: a máquina permite atender uma ampla gama de casos oncológicos, com eficiência e adaptação às necessidades clínicas específicas.
A incorporação do equipamento consolida o hospital como referência nacional em radioterapia avançada, reafirmando seu compromisso com inovação, humanização e excelência no cuidado ao paciente com câncer.
Confira entrevista com Dr. Renato Affonso, coordenador do Departamento de Radioterapia do Hospital de Base em São José do Rio Preto/SP.
Dr. Renato, como a Halcyon melhora a precisão do tratamento em comparação com outras tecnologias de radioterapia?
A Halcyon é um equipamento extremamente sofisticado. Eu costumo dizer que, com ela, estamos construindo um parque radioterápico completo. Temos o Trilogy, que chamo de “Porsche”, o TrueBeam, que seria a “Ferrari”, e a Halcyon, que é a “Lamborghini” da radioterapia.
O diferencial da Halcyon é que ela possui acoplado um sistema de imagem semelhante ao de uma tomografia, com altíssima resolução. Isso nos permite comparar, em tempo real, com a tomografia de planejamento feita na simulação inicial. É possível sobrepor as imagens para garantir que a área tratada seja exatamente a mesma planejada. Dessa forma, conseguimos entregar a radiação com precisão milimétrica na região de interesse, poupando os tecidos saudáveis ao redor.
Além disso, o equipamento é extremamente rápido: trata um paciente em cerca de nove minutos. Ou seja, é uma tecnologia moderna, precisa, eficiente e com capacidade para atender um volume maior de pacientes. Com ela, conseguimos tratar diversos tipos de câncer com qualidade e segurança.
A Halcyon é capaz de tratar todos os tipos de câncer, ou existem limitações?
A Halcyon é capaz de tratar praticamente todos os tipos de câncer. No entanto, algumas situações específicas — como metástases cerebrais ou lesões muito pequenas no pulmão — são mais indicadas para o TrueBeam, que possui uma mesa robótica 4D. Essa mesa permite correções de rotação, inclinação e angulação com precisão milimétrica, essencial para áreas extremamente delicadas, como o cérebro, onde lidamos com lesões de 3 a 5 milímetros.
Mesmo com essa limitação pontual, a Halcyon é extremamente versátil. Ela permite o controle do movimento respiratório com acessórios que imobilizam o tórax, garantindo que a radiação atinja exatamente a área planejada.
Halcyon, da Varian, é um acelerador linear de partículas projetado para tratamentos avançados de radioterapia.
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Com a atual configuração do nosso parque radioterápico, temos uma estrutura inédita no Brasil. Nenhum outro serviço no país conta com uma plataforma completa da Varian como a nossa. O A.C. Camargo, por exemplo, adquiriu recentemente uma Halcyon, mas ainda vai instalar. Isso significa que somos pioneiros com essa combinação de equipamentos. Hoje, o paciente de Rio Preto e região não precisa mais ir a São Paulo para realizar seu tratamento. Ele pode fazê-lo aqui, com o mesmo nível de excelência do Sírio-Libanês ou do Einstein.
Com a eficiência da Halcyon, o número de sessões de radioterapia necessárias poderá ser reduzido?
Sim. Um dos grandes avanços trazidos pela Halcyon é justamente a possibilidade de reduzir o número de sessões, especialmente em casos como o de câncer de próstata. Pacientes que antes passavam por 38 sessões podem, dependendo do volume da próstata, ser tratados em apenas 20 ou até mesmo 5 sessões.
Essa redução é possível graças à tecnologia de imagem acoplada, que permite verificar, no momento da aplicação, se o preparo do paciente está adequado. Para isso, seguimos um protocolo rigoroso: o reto precisa estar vazio e a bexiga cheia. Se, na hora do tratamento, percebemos que isso não está de acordo com o planejado, o paciente é orientado a ingerir mais água ou a caminhar para evacuar. Também adotamos uma dieta hipofermentativa, que reduz a formação de gases, evitando a distensão do reto e prevenindo que ele entre no campo de radiação.
Tudo isso reduz significativamente o risco de complicações, como cistite e retite, comuns no passado. Hoje, com essas práticas e com os recursos tecnológicos disponíveis, esses efeitos são minimizados.
A Halcyon representa, sem dúvida, um grande salto em sofisticação e inovação. Rio Preto está se consolidando como um centro de excelência em radioterapia no Brasil. Já temos propostas para receber visitas técnicas de instituições da América Latina e estamos em negociação com a Universidade McGill, no Canadá, para firmar uma parceria.
Nosso objetivo é seguir avançando, integrando nossos serviços e oferecendo o melhor em tratamento oncológico.
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